O aparelho criado por Luiz é capaz de fazer com que pessoas em coma com atividade cerebral consigam se comunicar

O Braindeck Case, desenvolvido pela sua start-up, a Hermes Braindeck, é um equipamento não invasivo, do tamanho de uma mala de ferramentas, portátil e, segundo ele, mais barato do que o tradicionalmente usado para os mesmos fins.

Primeiro, ele verifica se pacientes que não conseguem mexer absolutamente nenhum membro do corpo têm ou não atividade cerebral. Caso a resposta seja positiva, o aparelho monitora as ondas cerebrais e, depois, as converte em respostas, iniciando a comunicação.

 

O processo é simples: a pessoa em coma é instruída por um fone de ouvido a imaginar certos movimentos de seu corpo. Os sinais encefálicos são enviados para a máquina, que, a partir de então, estará preparada para reconhecer esses mesmos padrões no futuro.

Mensagens como “sim” e “não” são transmitidas quando o paciente imagina, por exemplo, que está mexendo as mãos ou os pés, e estímulos vibratórios são emitidos para que ele saiba caso esteja indo bem.

Mensagens como “sim” e “não” são transmitidas quando o paciente imagina que está mexendo as mãos ou os pés, por exemplo

A história do jovem empreendedor com esse tema começou quando ele era criança e viu sua família sofrer por não conseguir se comunicar com sua bisavó em coma. “Essa situação me impactou muito na época”, conta. Algum tempo depois, em 2013, enquanto assistia um episódio de uma série, Luiz viu que já existia um aparelho para fazer com que pessoas nessa condição conversassem, e se questionou o por que dessa tecnologia não ter sido usada com sua bisavó.

Foi a partir daí que ele começou a pesquisar mais sobre o assunto, até descobrir que a máquina normalmente utilizada para isso era grande demais, pouco viável e muito cara.

Para que ninguém mais tivesse que passar pela mesma angústia de sua família, ele decidiu tentar criar sua versão do produto. “Quero oferecer dignidade às pessoas, mesmo que seja a de dizer suas últimas palavras, em seus últimos momentos de vida.”

 

Os resultados de testes iniciais realizados com voluntários saudáveis foram positivos, e um comitê de pesquisa médica está avaliando qual a melhor forma de aplicar a tecnologia com pacientes em coma; a previsão é de que os primeiros ensaios clínicos sejam realizados na Santa Casa de Campo Grande (MS).

Agora, o foco principal de Luiz é comercializar o produto para hospitais e clínicas e também oferecer o serviço por meio de técnicos da própria start-up.

Além disso, ele planeja desenvolver outras soluções baseadas na tecnologia da Braindeck Case, como uma luva robótica que responde aos comandos dados pelo paciente e um app que permitirá que familiares enviem mensagens de voz para quem está em coma e que ele responda em forma de texto.

Por QSocial